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sexta-feira, 30 de abril de 2010

Trindade, o agente da Redenção


Calvino escreveu nas Institutas que “quando os homens quiserem fazer pesquisa sobre a predestinação, é preciso que se lembrem de entrar no santuário da sabedoria divina.” Por isso, convido a todos a baixarem suas frontes e vamos pedir a Deus para que fale conosco essa manhã.
Exórdio
O ano era 2005, os sonhos eram quase realidade. Há muitos anos aquela pequena igreja Presbiteriana sonhava com um pastor que pudesse levar a igreja a ter projetos de evangelismo. O pastor estava naquela igreja há cerca de 6 anos e havia conseguido fazer com que praticamente toda a igreja ingressasse em uma visão. Todo o conselho, junta diaconal, os jovens, enfim, todos acreditavam naquele projeto. O ano de 2006 era tão ou até mais esperado do que o dia de uma criança receber seus presentes de Natal.

Mas o mês de Novembro chegou e com ele muitas nuvens carregadas de acusações contra aquele pastor. Ele fora acusado de adultério com uma jovem de uma das congregações da igreja. Ao ser confrontado no conselho, como que esperando ser pego, ele não negou. O que se seguiu foi tribunal, exoneração e muito choro, muita decepção. Os sonhos, os projetos, os planos, pareciam aves a voarem para bem longe daquela igreja.
Aquele homem, escolhidos, vocacionado, agora parecia tão só e mesmo tentando se esconder chamava a atenção para si tanto quanto a lua cheia no céu escuro. Seu ministério parecia ruir como um castelo de areia banhado pelo mar. As vezes ao olharmos para ele, chegávamos a sentir “pena”. Sua esposa, seus filhos, seu ministério, a igreja local; tudo em pedaços.
Mas o que teria acontecido com aquele pastor? Teria Deus realmente o escolhido? Teria Jesus realmente o redimido na cruz? Teria ele realmente o Espírito Santo como selo da promessa? O que seria agora do seu futuro? O fim do seu pastorado? O inferno?
Talvez a pergunta que devemos fazer é: “O que diz a Bíblia sobre a Redenção?”, “Qual é o papel de cada pessoa da Trindade na Redenção?”. E é isso que tentaremos mostrar ao final desse sermão. TRINDADE, O AGENTE DA REDENÇÃO.
Wayne Gruden1 nos chama a atenção a respeito da profecia no Antigo Testamento, Isaías 9.6 profetiza: “Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu, e o principado está sobre os seus ombros, e se chamará o seu nome: Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte ...” Aplicando a Cristo, essa profecia refere-se a ele como "Deus Forte". Observe aplicação semelhante dos títulos "Senhor" e "Deus" na profecias da vinda do Messias em Isaías 40.3: "Preparai o caminho do Senhor; endireitai no ermo vereda a nosso Deus", citada por João Batista na preparação para vinda de Cristo em Mateus 3.3.
Além disso, O Espírito Santo é também plenamente Deus. Uma vez que entendemos que Deus Pai e Deus Filho são plenamente Deus, então as expressões trinitárias em versículos como Mateus 28.19 "batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo" se revestem de relevância para a doutrina do Espírito Santo, pois mostram que o Espírito Santo está classificado no mesmo nível do Pai e do Filho.
No entanto, iremos basear no nosso estudo no livro de Efésios para mostrar a ação de cada Pessoa da Trindade na Redenção.

Texto
Efésios 1.3-14
1.3 Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que nos tem abençoado com toda sorte de bênção espiritual nas regiões celestiais em Cristo, 1.4 assim como nos escolheu, nele, antes da fundação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis perante ele; e em amor 1.5 nos predestinou para ele, para a adoção de filhos, por meio de Jesus Cristo, segundo o beneplácito de sua vontade, 1.6 para louvor da glória de sua graça, que ele nos concedeu gratuitamente no Amado, 1.7 no qual temos a redenção, pelo seu sangue, a remissão dos pecados, segundo a riqueza da sua graça, 1.8 que Deus derramou abundantemente sobre nós em toda a sabedoria e prudência, 1.9 desvendando-nos o mistério da sua vontade, segundo o seu beneplácito que propusera em Cristo, 1.10 de fazer convergir nele, na dispensação da plenitude dos tempos, todas as coisas, tanto as do céu como as da terra; 1.11 nele, digo, no qual fomos também feitos herança, predestinados segundo o propósito daquele que faz todas as coisas conforme o conselho da sua vontade, 1.12 a fim de sermos para louvor da sua glória, nós, os que de antemão esperamos em Cristo; 1.13 em quem também vós, depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação, tendo nele também crido, fostes selados com o Santo Espírito da promessa; 1.14 o qual é o penhor da nossa herança, até ao resgate da sua propriedade, em louvor da sua glória.

Narrativa
A Carta aos Efésios provavelmente fora escrita cerca de 60 d.C. enquanto Paulo estava preso em Roma. Localizada na rota mais direta por mar e terra em direção às províncias orientais do Império, (...) era uma das mais populosas. Situada à volta de um porto no interior (hoje entupido), a cidade se ligava por meio de um canal estreito e do rio Caister, ao mar Egeu. Éfeso possuía monumentos históricos impressionantes, como o templo de Ártemis (Diana), uma das sete maravilhas do mundo antigo. Em suas moedas ostentava-se a inscrição: “Guardiã do Templo”,2 mas não era capaz de salvar alguém. O historiador Caio Plínio dizia que “nos tempos antigos o mar lavava o templo de Diana”, mas hoje o mar e o porto estão soterrados.
Ao contrário de outras cartas escritas por Paulo, nessa ele não lida com nenhum erro ou heresia por parte da igreja. Paulo escreve para expandir o conhecimento de seus leitores, a fim de compreenderem melhor as dimensões do propósito eterno de Deus e da sua Maravilhosa Graça.
A carta começa com uma seqüência de declarações a respeito de bênçãos de Deus. O ponto culminante do propósito de Deus, é fazer todas as coisas do universo convergirem para Cristo, como vemos em 1.10. A Carta aos Efésios tem como foco a Igreja de Cristo na Terra.3 Paulo trabalhou em Éfeso durante 3 anos. Seu ministério foi tão eficaz que os crentes “que tinham prtaicado artes mágicas trouxeram os seus livros, e os queimaram na presença de todos” conforme Atos 19.19. O culto de Diana declinou até que Demétrio, o ourives, provocou um motim contra Paulo, também registrado em Atos 19.24, 38.4
Com isso vemos que Paulo era bem conhecido tanto da cidade, como da igreja em Éfeso.
O capítulo 1 de Efésios nos revela como na Redenção, cada Pessoa da Trindade tem o seu papel bem definido, onde O Pai Elege, O Filho Redime e o Espírito Santo é o Selo.
O primeiro princípio do nosso estudo é que fomos eleitos pelo Pai em Amor. Salmo 139.16 “Os teus olhos me viram a substância ainda informe, e no teu livro foram escritos todos os meus dias, cada um deles escrito e determinado, quando nem um deles havia ainda.” e isso significa que...



  1. Fomos eleitos pelo Pai em Amor (3-6)
O verso 4 nos afirma que nós fomos eleitos antes da fundação do mundo. Deus não foi pego de surpresa quando em Gêneses 3 o homem desobedeceu sendo destituído da Glória de Deus. Deus já tinha preparado um plano para o que Ele já sabia que viria a acontecer.
Entre os Cinco Pontos do Calvinismo encontramos a “Eleição Incondicional – onde o calvinismo sustenta que o pré-conhecimento de Deus está baseado no propósito ou no plano de Deus, de modo que a eleição não está baseada em alguma condição imaginária inventada pelo homem, mas resulta da livre vontade do Criador à parte de qualquer obra de fé do homem espiritualmente morto.5.
Deus não nos elegeu por algum merecimento nosso, não foi pelo que fizemos ou íamos fazer, mas apenas pela sua Maravilhosa Graça que o Salmo 63.3 diz que é “melhor que a vida”. Algumas pessoas encontram dificuldade em aceitar que Deus além de soberano, tudo o que Ele faz é bom. E essas pessoas são contaminadas com as fábulas de satanás. Caio Fábio comentando o Livro de Jó em “O Enigma da Graça” diz assim: “Satanás convence você de ser uma pessoa cheia de ‘razões’, ‘direitos’, ‘justiças’, ‘verdades’, ‘autoridades’, ‘virtudes’, ‘amor’ e muitas outras coisas; e, então, depois, faz você transformar tais virtudes em Lei para a sua própria vida e para a dos outros.”. Tais pessoas ficam cegas pela vontade de conseguir pelas próprias forças se salvarem.
No entanto, o verso 5 e 6 nos diz que foi Deus que nos predestinou para adoção, para louvor da sua Glória e sua Graça. O capítulo III da Confissão de Fé de Westminster nos afirma que “ Pelo decreto de Deus e para manifestação da sua glória, alguns homens e alguns anjos são predestinados para a vida eterna e outros preordenados para a morte eterna.” A nossa gratidão para com o Pai que nos elegeu para a vida eterna deve ser diária e demonstrada não apenas em palavras, mas também em atos, testemunhos diários.
A eleição do Pai é Soberana, independente da nossa vontade, não depende de quem quer, é sim de quem o Pai escolheu. Romanos 9.16-18 diz que “Assim, pois, não depende de quem quer ou de quem corre, mas de usar Deus a sua misericórdia. Porque a Escritura diz a Faraó: Para isto mesmo te levantei, para mostrar em ti o meu poder e para que o meu nome seja anunciado por toda a terra. Logo, tem ele misericórdia de quem quer e também endurece a quem lhe apraz.”.
Calvino diz nas Institutas que “assim como o Senhor assinala aqueles que ele escolheu chamando-os e justificando-os, assim também, ao contrário, privando os réprobos do conhecimento da sua Palavra, ou da santidade realizada pelo seu Espírito, ele demonstra por tal sinal qual será o fim deles, e que julgamento está preparado para eles. Deixo de lado, nesta altura,6
Em Êxodo 10.1 lemos o que Deus disse a Faraó: “...Vai ter com Faraó, porque lhe endureci o coração e o coração de seus oficiais, para que eu faça estes meus sinais no meio deles,e para que contes a teus filhos e aos filhos de teus filhos como zombei dos egípcios e quantos prodígios fiz no meio deles, e para que saibais que eu sou o SENHOR.”. A saída do povo do Egito dependia unicamente da Soberania do Pai. Deus endurece o coração de quem ele quer e também elege quem ele quer pois a sua escolha é soberana. Romanos 9.19-24 afirma que “Tu, porém, me dirás: De que se queixa ele ainda? Pois quem jamais resistiu à sua vontade? Quem és tu, ó homem, para discutires com Deus?! Porventura, pode o objeto perguntar a quem o fez: Por que me fizeste assim? Ou não tem o oleiro direito sobre a massa, para do mesmo barro fazer um vaso para honra e outro, para desonra? Que diremos, pois, se Deus, querendo mostrar a sua ira e dar a conhecer o seu poder, suportou com muita longanimidade os vasos de ira, preparados para a perdição, a fim de que também desse a conhecer as riquezas da sua glória em vasos de misericórdia, que para glória preparou de antemão, os quais somos nós, a quem também chamou, não só dentre os judeus, mas também dentre os gentios?
Em Gênesis 3.15 nos é revelado pela primeira vez o plano de Deus para a Redenção daqueles que Ele de antemão havia escolhido. O Seu Filho, a Segunda Pessoa da Trindade haveria de vir para a remissão dos nosso pecados, por isso passamos agora a mostrar o papel do Filho na Redenção, pois...

  1. Fomos redimidos pelo Filho com Graça (7-10)
No capítulo 2 de Efésios verso 8, vemos que nós fomos “salvos pela Graça mediante a fé; e isso não vem de vós, é dom de Deus.” e essa salvação chegou até nós Graças ao sacrifício de Cristo na Cruz, o seu sangue derramado por nós. Em Romanos 3.23 “todos pecaram e destituídos estão da Glória de Deus”, isto é, separados de Deus. Em II Co 5.18 vemos que “tudo provém de Deus que nos reconciliou consigo mesmo pro meio de Cristo, e nos deu o ministério da reconciliação.”, Colossenses 1.20 diz que “pelo sangue da sua cruz houve paz com Deus.”
Outro Ponto do Calvinismo, a Expiação Limitada, afirma que “Cristo morreu para salvar pessoas determinadas, que lhe foram dadas pelo Pai desde toda a eternidade. Sua morte, portanto, foi cem por cento bem sucedida, porque todos aqueles pelos quais ele não morreu receberão a “justiça” de Deus, quando forem lançados no inferno.
Jesus fez a Expiação por nosso pecado. J. I. Packer define expiação como “consertar, apagar a ofensa e dar satisfação por erros cometidos, reconciliando assim as pessoas separadas e restaurando entre elas a relação rompida.7
Em Colossenses 1.13-14 aprendemos que “Ele nos libertou do império das trevas e nos transportou para o reino do Filho do seu amor, no qual temos a redenção, a remissão dos pecados.
O Filho em obediência, se entregou por nós. Ele não foi assassinado. Jesus entregou Sua vida. Não foram os Romanos ou os Judeus que O mataram. Ele entregou Sua vida e a melhor notícia é que aquela Cruz está vazia, porque ao terceiro dia Ele ressuscitou! Se Jesus tivesse morrido como morreu Buda, Maomé, Sua própria mãe, entre outros e não tivesse ressuscitado, seu sacrifício não teria sentido. Mas, Ele entregou Sua vida e Ela a tomou. Vencendo a morte e todo o inferno por amor a cada um de nós. Jesus não pagou “um preço” por nós, Ele pagou “O Preço” por nós, porque não foi qualquer moeda foi o seu sangue. Sangue que nos resgatou da escravidão. Willian Coleman no seu livro Manuao dos Costumes Bíblicos diz que “O Conceito Bíblico de resgate poderia ser aplicado a diversos aspectos da vida. Se alguém vendesse um terreno poderia resgatá-lo mais taerde, ou um parete poderia fazê-lo por ele. No sentido espiritual, Jesus fez isso; ele nos resgatou. É como se ele fosse o nosso resgatador; e o preço que pagou foi seu sangue derramado na Cruz.
Deus Pai no elegeu, Deus Filho nos redimiu e Deus Espírito Santo nos é a garantia da Redenção, pois...

  1. Fomos Selados pelo Espírito Santo com Poder (11-14)
O Capítulo XXXIV da Confissão afirma que “O Espírito Santo é a terceira pessoa da Trindade, procedente do Pai e do Filho, da mesma substância e igual em poder e glória, e deve-se crer nele, amá-Lo, obedecê-Lo e adorá-Lo, juntamente com o Pai e o Filho, por todos os séculos. O Espírito Santo, (..) é o único agente eficaz na aplicação da redenção. Ele convence os homens do pecado, leva-os ao arrependimento, regenera-os pela sua graça e persuade-os e habilita-os a abraçar a Jesus Cristo pela fé. Ele une todos os crentes a Cristo,...
Paker chega a afirmar que a obra do Espírito Santo é tão importante que “se não fosse pela ação do Espírito Santo não haveria Evangelho, nem fé, nem Igreja e nem cristianismo no mundo.8 Quando Jesus subiu aos céus, Ele deixou uma missão importante para os discípulos, eles deveriam levar o evangelho a todo o mundo começando em casa. Mas que tipo de testemunho eles poderiam dar uma vez que não foram bons alunos? Seu testemunho seria em breve reduzido a uma confusão distorcida e deturpada, embora todos tivessem boa vontade. Era preciso que o Espírito viesse para nos direcionar. Para nos dar as palavras certas para a pregação do Evangelho, para que a boa obra que em nós Ele começou fosse terminada. (Fp 1.6).
Jesus enviou o Espírito Santo como um selo para nos conduzir no Seu caminho. O Breve Catecismo de Westminster (P. 35), diz que a Santificação é "a obra da livre graça de Deus, pela qual somos renovados em todo o nosso ser, segundo a imagem de Deus, e habilitados a morrer cada vez mais para o pecado e a viver para a retidão".
II Tessalonicenses 2.13-15 diz que Deus nos escolheu desde o princípio para a salvação, pela santificação do Espírito, e assim permanecei firmes e guardai as tradições.
O Espírito Santo é a terceira Pessoa da Trindade agindo de forma a nos dar o Penhor, ou seja, a garantia de que fomos escolhidos pelo Pai e redimidos pelo Filho.

Conclusão.
Aquele pastor que havia caído em pecado, não perdeu a Salvação, nem sua vocação. Hoje ele foi restaurado, sua família o perdoou e está pastoreando em Belo Horizonte. Isso porque sua salvação não está ligada aos seus atos, o que você fez ou deixou de fazer e sim à Eleição do Pai, à Remissão do Filho e a Garantia do Espírito Santo. E ninguém pode mudar isso. O quinto ponto do Calvinismo afirma que “a salvação, desde que é obra realizada inteiramente pelo Senhor – e que o homem nada tem a fazer antes, absolutamente, “para ser salvo” -, é óbvio que o “permanecer salvo” é, também, obra de Deus, à parte de qualquer bem ou mal que o eleito possa praticar. Os eleitos ‘perseverarão' pela simples razão de que Deus prometeu completar, em nós, a obra que ele começou.” PARA O LOUVOR DA SUA GLÓRIA E SUA GRAÇA. AMÉM!
1 - Capítulo 14 da Teologia do autor, Ed. Vida Nova.
2 - Biblia de Estudos NVI
3 - Biblia de Estudos de Genebra
4 - Bíblia de Estudos Exaustivos Thompson
5 - http://www.monergismo.com/textos/jcalvino/joao_calvino_5pontos_silverio.htm
6 - CALVINO, João – Institutas cap. VIII
7 - Teologia Concisa, Ed. Cultura Crista.
8 - O Conhecimento de Deus, Editora Mundo Cristão, Cap. 6.

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